Será que é só aqui em casa que as coisas tem que ser tudo pra ontem? Outras mães se lamentam dessa mesma questão, será que faz parte dessa nova geração não saber esperar?

No seu livro “Crianças francesas não fazem manha”, Pamela Druckermann fala sobre como os franceses ensinam os filhos a esperarem. “A mãe sensível está ciente das necessidades, dos humores, interesses e capacidades do filho. Ela permite que essa percepção guie suas interações com o filho”, diz a autora. No entanto, ela reforça: “os pais e cuidadores franceses não conseguem acreditar que somos tão displicentes com essa habilidade [saber esperar] importantíssima. Para eles, ter filhos que precisam de gratificação instantânea tornaria a vida insuportável.”, diz Pamela.
Dentro dessa lógica da cultura francesa de educar, Pamela destaca alguns critérios que os franceses usam para educar os filhos sabendo da necessidade de esperar. “Aprender a criar recursos internos para lidar com a frustração e não esperar obter o que quer instantaneamente é regra básica pra vida”, assim reforça a autora. O autocontrole também é importante “para estar calmamente presente e se divertir em vez de ficar ansioso”, destaca.
A partir das páginas em que a autora discorre sobre esse tema, desenvolvi esses três tópicos para, quem sabe, ajudar a gente com a grande missão de ensinar nossos filhos a conquistar essa virtude.
Culinária
As atividades na cozinha, além de render ótimos bolos (ou não, mas o que vale é a farra, prefiro pensar assim), ensina a criança a se controlar. Fazer bolos é aula perfeita pra exercitar a paciência. No caso dos franceses, eles só comem o bolo no horário do goûter (o lanche da tarde deles). Ou seja, um belo exercício pra fazer a larica esperar.
Refeições
Outro ponto são as refeições em etapa. Nas escolas e creches, por exemplo, o almoço é servido em quatro fases (salada, um queijo, um prato principal e a sobremesa), tudo, em pequenas porções. Esse hábito serve como ‘cápsulas de treinamento’ para a paciência. Fico imaginando aqui em casa a gente fazendo as refeições em quatro pequenas etapas e Helena esperando pacientemente. Acho que já seria forçar hábitos que não tem a ver com a nossa cultura até, mas o exemplo é bacana. Aliás, um parênteses, lá na França a alimentação é tão levada à sério que existe uma comissão pra definir o cardápio das escolas e a discussão entre professores, nutricionistas e pais leva praticamente o dia inteiro.
Plantar
Lembra quando a gente plantava um feijão no copinho de plástico na escola e levava pra casa pra cuidar depois? Tomava daquele feijão como um filho. A ideia era a gente ter a paciência de ver o bichinho crescer. Os franceses tem razão quando levam os filhos pro jardim pra plantar.
Brincar sozinha
“A coisa mais importante é que ela aprende a ser feliz sozinha”, dez uma das mães sobre a filha com quem a autora conversou . A criança que aprende a brincar sozinha desenvolve a capacidade de saber esperar quando a mãe, por exemplo, está ao telefone. É, acho que preciso repensar num modo criativo de dizer “estou no telefone, espere um pouco”.