Sim, você pode ser amiga do seu ex. Afinal, a vida te mostrou até aqui que é melhor ter uma vida com relações leves do que carregar bagagens pesadas de relações que um dia foram conflituosas. E você tem um motivo ainda maior para manter essa relação saudável: seu (s) filho (s).
Como uma uma árvore que renova sua florada na primavera, seu relacionamento com o pai do seu filho se transformou e dele surgiu uma nova amizade, liberta de mágoas e de sombras do passado.
Lembre-se, tudo o que você viveu até aqui te construiu uma mulher mais forte, inclusive as agruras da vida e as lágrimas que um dia pareciam não cessar. Uma separação quase sempre é dolorosa, mas a dor não dura para sempre e todos esses espinhos por quais um dia pisou te fizeram quem você é hoje.
Não hesite em sair para jantar com seu ex como dois bons amigos. São estes momentos que selam a paz e trazem bons fluidos, renovando uma relação de contrato vitalício como pais de alguém que vibra pela boa convivência das suas maiores inspirações.
Dividir conversas para além dos assuntos relacionados à educação ajuda nessa construção de uma nova relação que se desponta. Pois quem foi que disse que não pode ser assim? Quem foi que te contou a falácia de que ex-casal, pais separados, precisam viver em pé de guerra e se estranhar como cão e gato?
Quando você superar todo amargor que vem acompanhado de uma separação você vai perceber que é possível construir uma nova relação e fazer ressurgir dos escombros uma cumplicidade na qual pode-se atender pelo nome de amizade.
Todo mundo quer crescer e criar filhos em um ambiente emocionalmente saudável. Um dos grandes desafios na educação dos filhos é saber dosar os limites, quando é hora do sim e quando é hora do não. Pois nós pais “podemos ficar relutantes em estabelecer limites pelo medo de reprimir a espontaneidade e a imaginação dos filhos”, assim revelam Stanley Rosner, psicólogo com mais de 40 anos de experiência e diretor da Career and Educacional Planning Associates, e Patricia Hermes, escritora de mais de 40 romances, em seu livro O Ciclo da Autossabotagem.
O fato é que nós pais temos grandes chances de repetir o padrão da criação que recebemos e acreditamos que precisamos reproduzir os mesmos comportamentos e crenças dos nossos pais. Enxergar estes padrões é como encontrar uma agulha no palheiro, mais não é impossível. Exige autobservação, leitura e autoconhecimento.
“Pois através do sofrimento descobrimos traços profundos em nós que podem ser mudados.”, revelam os autores E, em vez de esconder debaixo do tapete traumas e acontecimentos marcantes, é preciso ter consciência destes fatos para que uma possível mudança ocorra.
“Expor vulnerabilidades e encarar questões desagradáveis que foram sepultadas há muito tempo é uma etapa preliminar necessária e, às vezes, a parte mais fácil. O que vem a seguir é a parte mais difícil do processo — transformar aquele reconhecimento em uma mudança de comportamento — porque a mudança não é um exercício intelectual.”, alegam em seu livro.
O que os autores afirmam em O Ciclo da Autossabotagem é que em vez de enxergarmos como certos ou errados, bons ou ruins, devemos encarar nossos comportamentos na criação dos nossos filhos como um reflexo do modo como nós fomos criados bem como as nossas crenças.
Muitas vezes, estamos repetindo comportamentos destrutivos sem nos darmos conta. Reconhecer alguns hábitos autodestrutivos que se repetem e entendê-los para mudar é o caminho. Em O Ciclo da Autossabotagem os autores afirmam que “às vezes é preciso chegar ao sofrimento para que os problemas sejam resolvidos.
Os autores acreditam que se mensagem consistentes forem comunicadas ao longo da criação é possível preparar crianças saudáveis, por assim dizer. No entanto, se estiverem expostas às dúvidas e inseguranças dos pais é provável que crescerão com algumas inseguranças.
Preparar filhos pro mundo não é da tarefa mais fácil, requer autoconhecimento, empatia e sem dúvida amor para criar um ambiente afetuoso e acolhedor.
Às vezes, rejeitamos emoções que fazem parte da vida por acreditarmos que é necessário exercer uma positividade a todo momento quando na verdade faz parte da vida absorver todos os sentimentos, os bons e os considerados ruins. Afinal, é desconfortável ter que lidar com emoções negativas, então por que não ignorá-las?
Ledo engano achar que pondo uma pedra nesses sentimentos estamos superando eles. Deixar de cuidar de algo que precisa ser cuidado, acolhido, e não ignorado é flanar no caminho da nossa jornada, é viver negligenciado o nosso próprio “Eu”. Acomodar nossos sentimentos, dos mais prazerosos aos mais incômodos, é viver uma vida com sentido. Estar consciente e atento às nossas mais diversas emoções é caminhar rumo ao autoconhecimento.
Tenho pensando muito nisso depois de atravessar uma avalanche de emoções nesses últimos tempos em meio a pandemia. Como nos enganamos acreditando que estamos fazendo o melhor ao fazer vista grossa os sentimentos mais difíceis, não é mesmo? Não seria uma desatenção com nossas mais profundas questões? Não deve ser assim e não pode ser assim. Se queremos criar filhos conscientes e que saibam lidar com suas emoções precisamos primeiro tomar as rédeas das nossas próprias emoções.
Estudos sobre repressão emocional mostram que quando as emoções são rejeitadas ou ignoradas elas ficam mais poderosas. Desprezar os sentimentos é não dar espaço para que eles se dissipem em algum momento. Quando ignoramos emoções normais e naturais para buscar uma falsa positividade estamos deixando de aprender e desenvolver competências para lidar com o mundo aqui fora. Ou seja, estamos negando o que os sentimentos têm a nos ensinar.
Então como lidar com as emoções ruins? Se livrando da negação rígida e dando espaço para elas é possível traçar um exercício para extrair aprendizados a partir delas. O que esse sentimento está querendo me dizer? Por que estou me sentindo dessa forma? Como posso lidar com determinado sentimento?
Em seu livro Torna-se o que você é, Alan Watts diz: “desapego significa não ter arrependimentos pelo passado nem temores pelo futuro; significa deixar a vida seguir seu curso sem tentar interferir em seu movimento e mudança, sem tentar prolongar o estado das coisas agradáveis nem acelerar a partida das coisas desagradáveis”. Em suma, é respeitar o ritmo das coisas e seguir o fluxo da vida, vivendo o agora, sem apego ao passado e ao futuro.
Aceitar os mais diversos eventos internos em vez de se manter resistente a eles é adquirir uma resposta harmoniosa para eles. Deixe a vida fluir e escute a voz da sabedoria dos sentimentos. Um beijo grande e ótima semana!
A avalanche de acontecimentos e obrigações ativa o modo automático e se distanciar de você mesma acaba que sendo uma resposta a isso tudo. Talvez uma mecanismo de defesa contra seu lado mais profundo?
É quando cai a ficha de que é preciso caber dentro de você primeiro pra se encaixar no lugar de mulher, mãe, o ser que deseja. Recuar, se fechar, se olhar. Se viver exige intensidade, esse portal de dentro de nós precisa ser abastecido para que haja imensidão. Manter essa conexão com nós mesmas é, sem dúvida, o maior desafio.
E nessa peleja, você tem parado pra se escutar ou tem fugido de você mesma? Estar inteira exige. Exige coragem, exige um querer de verdade. Exige ânimo pra tirar os móveis do lugar e levantar a poeira debaixo do tapete. Exige sair da zona de conforto, questionar suas certezas.
Essa tal necessidade de balançar nossas verdades, cavucar questões nunca tocadas antes é revolucionária e o impacto no lado mãe é avassalador. Precisamos transbordar pra poder dividir e, para além disso, mostrar na prática o que se aproxima do que é viver “plenamente”.
É da maternidade de onde nossas energias são consumidas numa potência surreal e para que esse maternar siga acontecendo forças precisam ser resgatadas, movimentos devem acontecer.
Nesse rolê louco da vida, quando a bússola está desregulada e as ruas ficam sem saída, daí a necessidade desse cara-a-cara com gente. Se colocar numa outra perspectiva, nadar de braçada sobre seus embates, apertar o que estava frouxo, te levar de volta à sua órbita.
Mas ledo engano achar que deixar de se alienar de nós mesmas significa encontrar a paz eterna, até porque, já diria Freud “O Eu não é senhor em sua morada, ele está sempre em conflito”. E apesar dessa visita à você ser algo sem fim, vale a pena, e, no fundo, a gente sabe disso.
Se reconectar com a natureza é potente e pode trazer respostas para as mais profundas questões. Andar sozinha, observar as ondas e o vento são remédios para alma, no fazendo escapar do burnout materno ou até nos curar dele.
Chega uma hora, que é preciso abandonar aquela mulher que já não se encaixa mais aí dentro, recolher os cacos e ir. E para que essa reprogramação aconteça é preciso abraçar o desconforto. Pois, como disse Rubem Alves: “ostra feliz não faz pérola”.
Os dias tem sido puxados, eu sei. E, já que estamos no final do ano, em vez de descer de uma vez ladeira abaixo bora segurar um pouco mais a onda e aproveitar a reta final desse ano tão atípico como uma oportunidade para se concentrar mais no nosso interior, cuidar das fraquezas inerentes à nossa natureza humana, se libertar de pensamentos e atitudes que nos fazem mal e vibrar coisas boas.
Essa jornada emocional e mental que estamos enfrentando é um verdadeiro teste de sobrevivência e já que estamos ainda ilhadas em casa o lema é “salvem-se quem puder”. Nessa toada de emoções e de cada um por si o jeito é buscar por conta própria o antídoto para essa loucura que foi se empilhando numa estante no decorrer de 2020.
Para montar a lista abaixo de como se livrar do estresse conversei com Chirles de Oliveira, com formação em psicologia positiva, praticante e estudante de mindfulness e dona da página (@felicidade_sustentável). Espero que ajudem vocês de alguma forma! 😀
RESPIRAR PARA RETOMAR “As pessoas estão com muitas demandas e acabam sendo tomadas por suas atividades e isso causa um estresse constante. Sentir estresse não é algo ruim, é até importante porque ele pode nos impulsionar a fazer coisas, a questão é manter-se no estresse crônico e isso adoece qualquer ser humano.”, destaca Chirles.
“Nunca foi tão necessário como agora fazer pequenas pausas durante o dia”, o que ela chama de “pausas para a felicidade”. Durante o trabalho, Chirles recomenda parar por alguns minutos e fazer algumas vezes seguidas a respiração consciente (inspirar empurrando a barriga e expirar puxando a barriga, como se tivesse enchendo uma bexiga).
QUANDO A MÁQUINA PAUSA, ELA REALMENTE FICA PARADA, MAS QUANDO O HOMEM PAUSA, OBSERVA, ELE COMEÇA A CRIAR, A FLORESCER”, DESTACA CHIRLES.
OBSERVAR CURA “Outra prática simples é apreciar alguma coisa que você tem na sua casa, você gosta e sente gratidão por ela.”, diz. Admirar uma planta, uma flor, um prato de comida, uma foto que traz memórias boas, observar o pôr-do-sol, a lua…, sugere Chirles.
“Essas pequenas ações que despertam a atenção plena para um olhar apreciativo são caracterizadas como savouring“, explica.
DISPOSIÇÃO PARA A FELICIDADE “A gratidão é uma habilidade para a felicidade, é uma emoção positiva, e existem vários estudos da psicologia positiva que comprovam o quanto ela também nos traz bem-estar, satisfação e contentamento com a vida.”, diz Chirles. Por isso, ela recomenda todo dia antes de dormir anotar no caderno três coisas boas que aconteceram no dia, escrever o porquê foram positivas, quem participou e quais sentimentos foram despertados.
Por aqui, tenho meus rituais pra aliviar o estresse e renovar as energias, mas sempre é bom escutar um especialista no assunto pra trazer uma dica nova. Um podcast que tenho escutado muito é o Mercúrio Antroposofia, que propõe ampliar a consciência a partir de reflexões fundamentais da Antroposofia, ciência espiritual moderna com nome do grego que significa “conhecimento do ser humano”. Fundada pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner, é a base da pedagogia Waldorf. Recomendo os dois mais recentes episódios do podcast: Atitudes Anímicas e Coragem e Superação.