
Conversei com a Doutora Patrícia Alves de Oliveira, ginecologista e obstetra do Numa (Núcleo de Medicina Antroposófica — abordagem espiritual holística que apoia e complementa a medicina convencional) da UNIFESP, para saber como podemos garantir uma saúde de ferro a nós e aos nossos filhos nesses tempos difíceis da síndrome COVID-19. Acompanhem por aqui:
1- Pessoas com boa imunidade tem menos chances de contrair a síndrome Covid-19?
Dra. Patrícia Alves de Oliveira – Pessoas com resposta imunológica adequada tem menor chance de desenvolver formas graves da COVID-19. No entanto, estudos apontam que o aumento da exposição ao vírus parece aumentar o risco de desenvolvimento das formas graves independente da imunidade. Portanto é necessário um conjunto de boas práticas: manter a imunidade através de nutrição e sono adequados e prevenir a contaminação pela higienização (principalmente das mãos) e isolamento social.
2- Em quais situações a imunidade pode ficar mais baixa?
Quem usa medicações imunossupressoras (para tratar doenças autoimunes, no pós-transplante ou na quimioterapia) diminui a capacidade do sistema imunológico reconhecer e elaborar um “ataque “ antes do agente se aprofundar. A diabetes também causa isso.
Na gravidez as células do sistema imunológico ficam mais lentas porque se elas fossem ágeis a mãe reconheceria o bebê como um corpo estranho e o expulsaria. Por isso, gestantes são grupo de risco. Mas no coronavírus, por algum motivo, essa fragilidade não é relevante.
3- Existe alguma forma das grávidas se prevenirem?
Apesar de gestantes serem consideradas grupo de risco não está evidente o aumento de contaminação e complicações como foi observado na H1N1. Mas gestantes tem um resposta imunológica menor e mais lenta e tem riscos do desenvolvimento de co-morbidade obstétricas como a pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, etc. Isso aumenta a vulnerabilidade em mulheres grávidas. A forma de prevenção é a mesma orientada para a faixa etária com adicional atenção às gestantes que trabalham em locais que prestam serviços essenciais que devem ser deslocadas de postos com riscos de contato com pessoas contaminadas. Essa é orientação até agora, mas pode mudar a qualquer momento.
4- Como se deve cuidar do sistema imunológico?
O sistema imunológico se fortalece quando os ciclos são respeitados, ou seja, alimentos saudáveis em quantidades e horários corretos, horas de sono necessárias (nem a mais e nem a menos) e, se possível, associar a prática de meditação para compensar o excesso de exposição às informações durante o período de crise.
5- Existe alguma receita “caseira” comprovada para deixar o organismo mais forte e assim diminuir o risco do contato com a Covida-19?
Infelizmente não existe uma fórmula disponível com comprovação científica de aumento da imunidade. Há sim uma correlação clara de manutenção dos ciclos hormonais e imunidade principalmente o controle adequado do cortisol (hormônio do despertar, do ‘estar alerta’) e a melatonina (responsável pelo sono). Deve-se ingerir carboidratos em quantidades adequadas, evitar substâncias tóxicas ao organismo presentes em alimentos processados e o consumo exagerado de bebidas alcoólicas. Essas práticas ajudam a equilibrar a resposta inflamatória do organismo, o que resulta em melhora da imunidade.
6- Há algum alimento que pode contribuir para a melhora da imunidade?
A introdução de alimentos com propriedades antiinflamatórias na dieta, como o gengibre e o açafrão da terra pode favorecer a uma mudança no relacionamento com alimentos e ter como consequência uma mudança na resposta inflamatória, mas não podem ser considerados isoladamente uma proteção adequada. Vale sempre o conjunto de medidas protetivas.
7- Cientistas da Universidade de Turim, na Itália, divulgaram um estudo em que a vitamina D pode ser administrada como uma ferramenta para reduzir os fatores de riscos causados pela doença. Ela pode, de fato, ajudar no combate ao coronavírus?
A vitamina D tem ação comprovada na mediação da imunidade, mas inúmeras possibilidades devem ser avaliadas. A suplementação é indicada nos casos de deficiência e não como uma proposta de tratamento. Ainda são necessários estudos para estabelecimento de rastreamento de deficiência e utilização da vitamina D na Covid-19.