A eterna culpa que insiste em bater na porta

Nessa semana, assisti a uma palestra do Swami Ishwarananda Siri, que atua em Kriya Yoga, que falava sobre carma e dharma (o vídeo está abaixo). Carma trata-se da ação e dharma do dever/processo, a missão da pessoa aqui na terra, por assim dizer. Sempre estive preocupada com o resultado. Mergulhada dentro da minha ansiedade, me via num mar sem fim de possibilidades quando me deparava com algum conflito ou uma autossabotagem. Hoje, consigo olhar mais para o meu dharma e tentar entender, durante todo o processo, qual o propósito de determinados acontecimentos em minha vida. Partindo do pressuposto de que ninguém é perfeito, tento me encontrar em meio a esse limbo em que me coloco como vilã, já que sempre detestei o estigma de vítima. Na minha cabeça, se não sou vítima, então serei vilã. A psicoterapia tem me ajudado e encontrar um meio termo, nem vítima nem vilã, apenas Fernanda, aquela que busca, em meio a tantas dores, agir em prol do bem, do amor. Se conhecer é um processo doloroso, onde várias camadas são descortinadas, uma mais desafiadora que a outra, muitas vezes, nem eu mesma me reconheço. Se olhar cara a cara é para os fortes. Tem gente que passa a vida inteira se escondendo de si mesmo, vociferando aos quatro cantos o erro alheio ou se projetando em terceiros. Longe de mim botar na conta do outro os meus débitos. Se não consigo saná-los, que eu os carregue em minha conta, pois, uma hora, espero, irei zerar toda essa dívida que devo a mim mesma. Mais compassiva e menos reativa, busco, nesse turbilhão de pensamentos, culpas, e autojulgamentos, encontrar a Fernanda que insiste em criar obstáculos para se derrubar. Se estamos nesta vida para desfrutar do amor, por que tentamos fugir dele na maior cara lavada? Se construir pode levar uma vida, mas se destruir, segundos. Nessa toada de sentimentos, tento buscar o que de mim deixei ir embora por uma falta de responsabilidade comigo mesma. Que o amor possa ser remédio para as minhas feridas e que minhas cicatrizes possam ajudar a decifrar quem eu fui e quem eu ainda me tornarei. 

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