
Resilientes, valentes. Daqui do meu lugar, me refiro à nós, mulheres, tanto àquelas que são mães ou às mães por tabela, que acolhem a amiga, o irmão, o vizinho (o instinto materno corre nas veias de uma mulher).
Todas sentiram. Sentiram medo de um futuro incerto amedrontador. Sentiram dores imensuráveis, da perda, da iminência de uma, do emprego ou da vida de um ente querido. Em meio à dores, medos e confusões, ressurgiram, dia após dia. Geraram vidas, seja uma gravidez ou um novo projeto, um propósito de vida, um trabalho.
Desafiando as próprias leis da física, onde o pensamento cria o resultado, muitas, mesmo com o pavor do caos latente, trabalharam incansavelmente para salvar e cuidar. Aliás, essa palavra “cuidar” nunca ganhou tanta notoriedade como agora, no mundo pandêmico. Mulheres que distribuíram cestas básicas, marmitas e agasalhos. Acolheram muitos e reduziram perdas.
E ainda que vararam (e varam) noites costurando máscaras para a vizinhança. Há quem viajou quilômetros para manter esperança às crianças, desoladas com a ausência da sala de aula. Se sensibilizaram por testemunhar a alegria de quem teve de volta o sonho dos cadernos.
Lágrimas escorreram dos mais diversos cantos e se tornaram antídoto para seguir com fé, que, em vez de minguar, cresceu. Com o passar dos dias, criaram cada uma a sua couraça de proteção, que nada tem a ver com a sensibilidade na alma feminina, pois essa prevalece intacta.
Sob efeito de uma força incalculável, algumas superaram um casamento infindável. E tal como um procedimento cirúrgico que invade o corpo trazendo um mudança, se anestesiaram da dor. Uma anestesia causada por música, leituras, escritas, vozes, ouvidos. Quando o efeito indolor passava, a ação ganhava seu espaço na dimensão da vida.
Pois, no fim das contas, é preciso continuar sonhando e fazendo por onde já que o desejo de deixar algo para posteridade é latente. Em 2020, o roteiros ganharam emoções parecidas com o contraste pessoal marcado pela história e personalidade de cada uma de nós, mulheres.
Para 2021, que demos um reset no que não foi bom e que as energias, emoções e experiências positivas de um ano atípico e por tantas vezes amargo sejam carregadas juntas com cada uma de nós.