Estava com saudade de ir ao cinema comigo

Sempre gostei de ir ao cinema alone. É como marcar um encontro comigo mesma. E depois de quase quatro anos eis que me dei esse luxo. Na verdade foi meio que sem planejar. E já que eu estava sem a Helena, optei por fazer o que realmente eu sentia vontade. Aliás, a maturidade tem me feito escutar mais os meus desejos, e isto é L-I-B-E-R-T-A-D-O-R.

Apesar de eu aproveitar cada segundo quando estou sem a Helena, curtir meu tempo livre só é saborear a dualidade entre a euforia da liberdade suprema para além da instituição “Mãe” e a aflição da falta de um ser que preenche grande parte do meu tempo desde que veio a esse mundão. Vai entender essa sensação dúbia, né?

Desmamar de um filho é se readequar a uma nova história; como se a vida fosse divida em dois capítulos, um antes e outro depois da existência dele. Esse desprendimento entre mim e a Helena me faz lembrar o episódio de quando eu, aos dez anos de idade, voltava a andar depois de 40 dias em repouso absoluto por causa de uma nefrite aguda. Resgatar o nosso tempo individual depois da maternidade é bem isso: reaprender a andar. E apesar de ser algo inevitável e benéfico, tem sua pitada de desafios como tudo que é novo. Mas o importante é se entregar para aquele momento e focar no que aquela experiência traz.

No meu caso, o encontro com um dos meus diretores e atores prediletos já estava garantido. A trama? Era o longa Era uma Vez em… Hollywood. Estar ali em minha companhia no cinema foi flertar com o enredo até a última linha da ficha técnica, me esparramar pro lado sem ter que me preocupar se vou atrapalhar o vizinho, comer a pipoca no meu tempo e escolher a dose de manteiga na minha medida, nem muito nem pouco, no equilíbrio certo, como a balança do meu signo.

Embora eu considere normal a minha empreitada solitária, alguns podem associar a solitude no cinema com algo deprê, talvez? Podem até me achar um pouco fora da casinha eu querer esse tempo, mas estar ali é um momento de silêncio, um tempo de escuta.

Não que ir ao cinema com alguém seja chato, longe disso, mas por que não escolher ir só com você de vez em quando? A ideia pré-concebida de assistir a um filme em cartaz somente acompanhada pode te fazer deixar de curtir os momentos mais incríveis by yourself.

 

 

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